:: Crónicas De Um Passado Futuro ::

Episódios de uma vida por vir... (ou jornalismo psicológico)
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:: domingo, fevereiro 08, 2004 ::

Nota do editor: já está disponivel um espaço para todos e qualquer comentário aos diversos "posts".

Obrigado ao Tiago por nos manter informados das suas aventuras além Peninsula.

:: zedascouves 18:29 [+] ::
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:: sábado, julho 19, 2003 ::
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:: zedascouves 15:03 [+] ::
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:: quinta-feira, julho 17, 2003 ::
Até este blog anda em férias...!

:: zedascouves 00:42 [+] ::
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:: domingo, fevereiro 23, 2003 ::
O Duarte pôs-me ontem a pensar. Fomos todos sair com a malta estrangeira até às tantas, e acabámos a noite num restaurante Cabo-verdiano que tem a particularidade de, por um lado, não possuir licença, e portanto funcionar à margem da lei, e por outro, abre às 2 da manhã, ou por volta dessa hora. Um local, que na minha opinião, apenas valoriza o panorama da noite lisboeta. É fascinante conhecer sítios pouco convencionais, ou “pitoresco”, como lhe chamava uma camarada nossa Espanhola. Autentica e puramente “off the beaten track”, como é raríssimo encontrar hoje em dia, com tanta globalização uniformizante.

Mas não é discutir comida Africana que me traz hoje aqui. É que o serão durou quase até de manhã, e eram quase seis horas quando deixámos o restaurante. A questão é que mal nos sentámos, não demorou muito até que a minha capacidade de vigília fosse superada por uma força muito forte que me arrastou muito perto dum sono REM. Todo o pessoal denunciava uma vitalidade juvenil, que não é nada sobre-humana. Quem era o “anormal” aqui era eu. Sempre fui assim, nunca fui uma pessoa de borgas desregradas, mas diria antes, condicionadas. E uma das coisas que mais me incomoda é deitar-me tarde, não porventura por ir gerar um pseudo “jet lag” e desregular os meus ritmos circadianos, mas por ter a consciência que vou perder metade ou três quartos do dia seguinte, e os meus níveis de produtividade vão ser afectados.
E então o Duarte indagou “como é que tás à espera de aguentar um Erasmus”? Pergunta muito pertinente, e que durante uns minutos abalou as minhas convicções supostamente firmes. Mas pouco depois resolvi este conflito intra psíquico com alguns argumentos. Primeiro, irei, espero eu, para França fazer Erasmus primariamente para trabalhar. O ensino médico em França é não só espectacular, como gostava, para variar, de aprender bastante, para contrariar o marasmo pedagógico da minha Faculdade decrépita (viva a Universidade do Minho e da Beira Interior). Além disso, estando eu a efectuar o estágio obrigatório de pré-licenciatura, há boas possibilidades de eu ser pago enquanto estiver a trabalhar no Hospital e de ter responsabilidade a sério, o que nunca aconteceu aqui.

Por outro lado, irei ter uma disponibilidade maior (quer temporal, quer psicológica) para socializar à grande e à Francesa, já que não terei mais a pressão que o estudo e os exames exigem. Mesmo sabendo que na maior parte do tempo terei de me levantar quando o Sol ainda está a dormir, ao fim-de-semana, não havendo bancos ou coisa do género para fazer, estarei à vontade para beber uns copos e/ou dançar até às tantas. E acreditem que não gosto pouco de dançar, até tenho aulas!
Hoje, por exemplo, fiquei com o dia literalmente todo lixado. Não dispensando a minha habitual sessão diária no ginásio, fico praticamente sem tempo para avançar na minha estimada Medicina Interna.

De qualquer maneira, com tempo ou sem tempo, com obrigações ou sem obrigações, não tenho vocação para sair até tão tarde, até em termos fisiológicos o meu corpo dá sempre sinais de alarme e de desgaste quando isso sucede. Gosto muito de sair, e ainda mais quando acompanhado dos bons amigos, mas dentro de certas limitações. Não será certamente a minha posição que me irá pôr de parte no seio de uma comunidade Erasmus.

Devo dizer que não concordo com o Duarte quando ele afirma que o Erasmus é o espelho da inércia estudantil, se bem que muita gente se reveja nesse espírito. Com uma bolsa que regra geral é sempre insuficiente para cobrir o orçamento mensal, torna-se obrigatório recorrer ao papá e à mamã se não temos uma fonte alternativa de income. Assim, quem se vê além-fronteiras para estudar e não tira o máximo proveito académico ou é muito rico, ou não tem problemas em deixar as cadeiras para fazer mais tarde, ou então, mais grave que tudo, está a desrespeitar o suor dos pais. É possível equilibrar todas as vertentes da nossa vida estudantil no estrangeiro com bom senso, intuição, abertura de espírito e flexibilidade, e bastante sorte para conhecer as pessoas certas. Não vamos ceder à peer-pressure só para parecermos mais fixes! Se não nos respeitam pelos valores que exibimos e pela nossa maneira de ser, então não merecem a nossa atenção. Haverão sempre pessoas com quem nos identificaremos e que apreciam a nossa companhia e maneira de ser, e que aceitam perfeitamente quando dizemos “tenho que me ir embora”, e ainda são uma da manhã. Porque se calhar queremos ir fazer canoagem no dia seguinte às oito da manhã no rio, e não há nada de mal com isso!

:: zedascouves 19:27 [+] ::
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:: quarta-feira, fevereiro 19, 2003 ::
Fico sempre com dificuldade em concentrar-me na conversa quando a beleza dela me toma por completo.
-Quando é que vais lá passar uns dias?
Não tínhamos futuro, ou se calhar era eu que já não era capaz de viver doutra maneira. Via uns meses porventura próximos do idílico, com direito a viagem a Antígua, e até já conseguia descortinar alguns pormenores dum punhado de semanas bem passadas recheadas de sexo. Simples, por vezes animalesco, porém tranquilo. Como uma mulher madura como ela estaria certamente habilitada para proporcionar, em ambos os sentidos. Isto só para atestar como eu continuava o mesmo velhaco de sempre.
-Anda, vamos dançar.
Quase que adivinhando o meu embaraço, e como que pressentindo uma ligeira transgressão das cercas do conforto da nossa intimidade pessoal, agarrou-me a mão, e tal e qual como aquando somos crianças e ainda não questionamos a autoridade à qual cegamente obedecemos como robots, porque ainda não entendemos esse conceito, deixei-me embalar naquele fox-trot, que estava destinado a chamar a atenção aos outros casais que jantavam ali pacificamente.
Não falávamos, as regras desta dança assim ditavam, e ela sabia-as de cor. E eu, por sorte, ainda me recordava, apesar das temporadas em África me terem feito voltar mais para o kizomba.

Eu estava de folga, não estava para grandes artimanhas intelectuais com ela. Pelo menos por esta noite. Estava mais numa de fazer amor com ela logo a seguir. Pressentia que esta noite a sorte me acompanhava. Ambos estávamos a ceder às nossas forças mais primitivas. A posição fechada da dança, pela qual nutro uma deferência vitoriana dava paulatinamente lugar a um encontro de corpos e almas, dispostos a cruzarem por momentos os seus destinos e a acarretarem com as eventuais consequências da ousadia. Já não queria saber se ia haver futuro para nós ou não, quem sabe, apesar de tudo jogar contra. Mas também era verdade que não tenho oportunidade de jantar com mulheres como esta todos os dias. Nem todas as semanas. Nem todos os meses…

Agora não queria saber de mais nada, queria aproveitar cada momento como se fosse o último. Raramente consigo fazer isso no dia-a-dia, e além disso tenho a sensação de que nos vamos entender às mil maravilhas, nem que seja só por uma noite!

:: zedascouves 01:47 [+] ::
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:: sábado, fevereiro 15, 2003 ::
Com todos estes anos de vida em cima, em que supostamente já teremos sido “moldados” o suficientemente pelos ventos que sopram de todas as direcções do destino, seria de esperar que a nossa maneira de ser e a nossa capacidade de reacção estivesse já confortavelmente cristalizada, mas continuo a confrontar-me frequentemente (e a surpreender-me) com comportamentos que tenho e que gostaria que o tempo se tivesse encarregado de transfigurar, mas isso agora com esta idade é um long shot… ou terá sido culpa pessoal, ou então tratar-se-ia de uma oportunidade que nunca terá vindo ao meu encontro. É pena, mas se for a ter pena de tudo aquilo que nunca experimentei e senti com toda a potência dos meus órgãos dos sentidos, então há muito que teria abandonado esta travessia quotidiana.
A minha maneira de reagir perante uma situação de doença está longe de ser aceitável para mim. Continuo com os mesmos hábitos e temores pueris de quando tinha 8 anos e tinha de levar uns quantos milhares de unidades de penicilina nos relevos traseiros… se tenho que tirar sangue, mesmo que só para saber como estão as minhas defesas perante situações incómodas como hepatites B e afins, começo a entrar numa ansiedade desmesurada, e todos os projectos de momento, independentemente de quão grandiosos e ambiciosos sejam, ficam em stand-by, até ver aquela seringa bem lá no fundo da caixa amarela.

Apesar de considerar que tenho tido sorte, e os eventos com um mínimo de gravidade que requereram algum tratamento mais diferenciado, nomeadamente internamentos, etc.…, se contarem pelos dedos das mãos, não deixo de concluir que foram sempre momentos de grande tensão para mim. Passar sozinho uma noite num quarto de hospital durante um pós-operatório sempre me custou mais que suportar o fogo cerrado de guerrilheiros rebeldes das vezes que já estive na Libéria a montar campos de refugiados. Ainda não tenho uma resposta satisfatória para esta minha inquietação. Se por um lado, sou um guerreiro que vive a interceder em nome dos mais desguarnecidos, por outro, essa minha coragem e bravura não se revelam quando é a minha vez de estar do outro lado, quando estou desarmado, quando fui apanhado numa emboscada e obrigado a pousar no chão as armas que me conferem poder. Aí demonstro toda uma fraqueza que do meu semblante nunca transparece para os doentes, que estão habituados a encontrar um sorriso, um conforto, uma fonte de confiança. E já testemunhei exemplos de grande coragem em África, quando tive, pelas piores razões, de recorrer aos trâmites cirúrgicos sem me poder dar ao luxo de oferecer uma anestesia. Nunca estaria ao meu alcance aquela tranquilidade de espírito que demonstrou aquela menina.

Talvez o problema esteja no facto de que nunca estive doente o tempo suficientemente para dar o devido valor à saúde. Será isto apenas um sintoma de uma fraqueza vulgar, ou revelador de um paradoxo como existem tantos nesta vida? Não sei, e palpita-me que vou continuar sem ter a resposta…

:: zedascouves 23:56 [+] ::
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:: segunda-feira, fevereiro 03, 2003 ::
Tenho boas e más recordações das actividades de voluntariado em que me tenho envolvido. Pode certamente parecer um cliché, mas uma das razões que sempre me motivaram foi a oportunidade de servir o País.
O voluntariado entra no conceito de cultura comunitária, e apesar de Portugal não ter uma tradição consolidada, é muito positivo juntar um grupo de entusiastas, que nunca se viram mais gordo(a)s, mas que rapidamente se entrosam e se tornam cúmplices na perseguição dos objectivos traçados no ponto de partida.
O Mundial de Andebol em Lisboa, foi um dos maiores eventos a que me associei enquanto estudante. Iludido à partida pela dimensão que um evento destes implica, não me passava pela cabeça que uma Organização padecesse de pés de barro. Então vejamos…
A nossa colega Sandra, que trabalhava na Comunicação Social, e moderava as conferências de Imprensa, reparou que o treinador da França estava a começar a prestar declarações sem estar nenhum tradutor ao lado. Resultado? Improvisou de emergência umas descodificações medíocres, que só uma falta de experiência e um Francês de Liceu cheio de bolor poderiam explicar o desaire.
Nas bancadas, por pouco a minha bonomia Oriental ia faltando-me, ao constatar que muitas pessoas que traziam bilhetes assinalados com lugares que não existiam no Pavilhão, e que tiveram de se sentar em lugares cujo respectivo “dono” iria ocupar poucos minutos mais tarde. Está-se a ver o caos, não? Depois era aturar todo o tipo de pessoas, desde as porreiras que davam gorjetas, até às Suecas boas, com a mania de que são alguém, passando pelas super-tias que não sabem o que é que quer dizer “sétima cadeira a contar do fim”, culminando com Alemães que me espetam o dedo do meio, só porque lhes digo que tinham de mudar de bancada, pois não tinham bilhetes VIP!
Depois da final, os voluntários pilharam a respectiva sala que servia de “refeitório”, acto inconsciente reflexo da alimentação altamente nutritiva e equilibrada que nos foi disponibilizada. Foi impressionante, todos se comportavam de uma forma sôfrega, e não me escusei a tecer paralelismos com Somalis que lutam pelo seu saco de arroz lançado pelos Helicópteros da ONU. Decadente mesmo foi um tipo, que durante o assalto final à Sala VIP, não se coibiu de, à falta visível de apetrechos, usar um guardanapo para comer os pratos quentes, que deram lugar a uma javardice como já não se vêem muitas por aí desde a introdução das convenções sociais do “como comer de forma civilizada” no século XVIII, se não estou em erro!
No fundo, tinha erradamente feito um compromisso com gente deveras provinciana, para não dizer absolutamente “parola”, e que tinha tantas capacidades para organizar uma coisa destas como eu tenho para ser programador da Microsoft.
Voluntariado, quando é feito de livre vontade, e com mais razões do que acrescentar uma linha ao curriculum, é de louvar, e na ausência de projectos mais aliciantes na altura (leia-se pagos), são geralmente uma boa aposta, sobretudo se atendemos aos novos contactos que estabelecemos, e às emoções de vivenciarmos nem que seja por dois dias um ambiente diferente da nossa rotina. Para mim, é pelo menos melhor que dar sangue!

:: zedascouves 19:42 [+] ::
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